Nascida em 23 de setembro de 1970, a bióloga Silvania Santos complementa seus estudos com cursos de artes cênicas e cinema desde 1995. Cursou interpretação para teatro no Tablado, cinema com Walter Lima Jr e TV com Alexandre Klemperer. Estudou linguagem de cinema Joaquim Três Rios (efeitos visuais no cinema), Eduardo Aguilar (Assistência de direção), dentre outros.

Atuou como assessora pedagógica no projeto “Cinema-Escola” do Grupo Estação, no Rio de Janeiro. Fundou o projeto “Cineapreender”, em Belo Horizonte, que levava alunos de escolas públicas e privadas ao cinema e oferecia palestras e oficinas sobre a linguagem do cinema. Foi uma das fundadoras do grupo “A Tela e o Texto”, para reunir pesquisadores interessados na interface entre literatura e cinema, grupo este que hoje é um projeto de extensão da UFMG. Atuou no coral do Tablado e é integrante do grupo de samba Cristino e Cia. Além de atriz e cantora, é professora de biologia na Escola Parque e contadora de histórias na creche “Fazer Arte”. Também é autora do blog aeducadora.blogspot.com, um canal de discussão da educação - formal e não formal.

sábado, 27 de março de 2010

3º Edição do Festival Ibero-americano de Teatro


Memorial da América Latina promove, de graça, 15 espetáculos de 12 países

O Festival começa no dia 8 e vai até 14 de março, em São Paulo. Todos os 15 espetáculos principais têm entrada franca.  Cuba, Portugal, Espanha, Brasil, Argentina, Peru, Uruguai, Colômbia e México estão entre os países representantes.
A mostra paralela – também gratuita – resgata os tempos áureos do circo-teatro. Ela acontecerá em uma lona montada ao lado do anfiteatro principal, onde o Circo de Teatro Tubinho diariamente apresentará uma peça diferente. Estão programadas mesas de debates e uma esperada oficina de dramaturgia, coordenada pelo mestre Chico de Assis.
O Festibero foi criado em 2008 por iniciativa do presidente do Memorial, Fernando Leça, para identificar, estimular e colocar em contato iniciativas teatrais contemporâneas da nação latina.  Idealizado, organizado e coordenado pelo diretor de atividades culturais do Memorial, Fernando Calvozo, este ano, a Comissão Curatorial do III Festibero foi encorpada com alguns nomes importantes do teatro brasileiro como a diretora teatral Elvira Gentil e os atores Paulo Betti e Lima Duarte. O festival conta também com a assessoria da uruguaia Glória Levy, que desde Montevidéu ajuda a escolher os grupos teatrais da região do Mercosul, do português José Leitão e do produtor paulista Walter Malta.
A coordenação das mesas de debates é da presidente da Apetesp, dramaturga e diretora teatral, Analy Alvarez. Entre os debatedores nacionais estão confirmados Ligia Cortez, Rodolfo Garcia Vasquese e Ênio Gonçalves. Eles irão debater com convidados internacionais, entre os atores, diretores e produtores que apresentarão suas peças no Festibero.
O Festibero é uma rara oportunidade para se ver espetáculos que dificilmente viriam ao Brasil e, deste modo, entrar em contato com grupos teatrais importantes, como por exemplo a Cia. Argos, formada em 1996, na cidade de Havana, em Cuba, que apresentará o espetáculo Final de Partida.
Outro grupo confirmado é o mexicano Entre Piernas, com a peça Tom Pain, una obra basada en nada, de Will Eno. O texto do dramaturgo americano foi montado pela primeira vez pelo Entre Piernas na cidade do México em 2008. Durante toda a peça, vemos um homem descalço sobre um bloco de gelo de verdade. A direção é do mexicano Alberto Villarreal.
Uma atração à parte do festival será o Circo de Teatro Tubinho (www.tubinho.com.br), que vem pela primeira vez para uma temporada na Capital, depois de percorrer as cidades do interior de São Paulo e Paraná. Trata-se de uma grande companhia de 35 circenses que cultivam a linguagem do circo-teatro como antigamente. Comandada pelo palhaço Tubinho, a trupe interpreta um repertório de 90 textos cômicos e mantém viva a tradição do circo-teatro, que foi muito popular nas primeiras décadas do século XX, até ser suplantado pelo cinema e depois pela televisão.
Tubinho montará na Praça das Sombras do Memorial sua lona de 20 m x 26 m, suficiente para abrigar 800 cadeiras, e apresentará as clássicas peças de teatro popular “O Ébrio”, “Marcelino Pão e Vinho”, “A Canção de Bernadete”, e a comédia “O Baita Macho”.
Clique aqui para conhecer a programação completa.

Fonte: http://www.centraldeatores.com/blog/?p=796

Parabéns Teatro. Hoje é SEU dia!




Hoje é o "Dia Mundial do Teatro". Que tal celebrar essa data assistindo uma montagem com excelentes atores?

quarta-feira, 17 de março de 2010

Coisas que Klemperer me ensinou



Alguns educadores marcam pra sempre. Um deles é Alexandre Klemperer que me trouxe luzes importantes sobre a arte de representar. Como diretor de TV, ele é reconhecido por sua sensibilidade  para que o ator saia da superficialidade. Ele considera importante garantir ao elenco as condições favoráveis para a imersão no universo da personagem.

Alexandre me ensinou que o ator deve buscar estímulos em leituras, filmes e principalmente da observação atenta ao cotidiano representado ampliando a visão sobre o roteiro e a personagem. Ele aconselha que os atores aproveitem ao máximo as informações obtidas em workshop que costuma acontecer antes da novela para que os atores interpretem com propriedade.


Como na TV  a emoção está no close - é o rosto do personagem que conta a história - é fundamental que o ator confie no diretor para que o trabalho seja produtivo. A ansiedade, a insegurança transparecem no semblante. Quanto mais tranquilo e autêntico o ator conseguir estar, maior a segurança para atuar e improvisar.

A margem para a improvisação depende do autor: nem todos os autores de novela permitem que os atores coloquem falas novas no texto, mas quando isso acontece, os cacos  imprimem maior naturalidade no texto. Segundo Alexandre, cerca de 90% dos comandos que chegam ao ator vêm de uma afirmativa, ou seja, uma ordem clara do diretor. Mas isso não impede que alguns comandos partam de interrogativas. Por exemplo, quando o diretor pergunta ao ator: o que você acha que o seu personagem faria nesse caso? Esse convite para a improvisação é um estímulo à imaginação dos atores e à análise dos fatores condicionantes dos personagens. Nesse caso, a bagagem cultural do ator pode oferecer ricas possibilidades de atuação.

Alexandre me fez pensar que não quero estar no grupo de atores que não se deixam dirigir e fazem sempre a mesma coisa. No universo cada vez mais concorrido, quero saber ouvir o que o diretor está dizendo, aliás, ouvir não apenas o diretor: "Ouça o que os outros personagens dizem!" Na cena e na vida, ouvir é tão importante quanto falar.

Alexandre considera que a prática teatral pode interferir na interpretação realista. Na TV é importante reduzir ao máximo a "teatralidade”, buscando a “Casualidade “. Também é importante fugir da superficialidade: mas isso exige esforço e pesquisa. Aprendi que quem tem que chorar ou rir é o público, não o ator. Por isso quando o ator chora compulsivamente, o máximo que consegue é a auto-piedade do público. Para que atinja a ressonância da emoção do ator no personagem o ator deve tomar para si as palavras, a emoção, as experiências de vida do personagem.

Alexandre lembrou que as situações da cena também interferem na atuação do ator. Portanto uma boa cena não é responsabilidade apenas do ator, mas cabe ao profissional que atua cuidar para que a sua interpretação convença: o público e os atores que contracenam com ele. Com a frase da fonoaudióloga Glória Beuntenmuller "a palavra é o tato da visão"  Alexandre ressaltou que a palavra pode transformar e por isso deve ser usada com responsabilidade. As vezes o ator tem a preocupação de falar bonito, mas isso pode apenas gerar desconfiança: "Está muito bonito para ser verdadeiro”. Melhor que falar bonito é falar algo verdadeiro. Como exercícios para os atores ele sugere a leitura troca-troca, onde um ator troca de texto com o outro para que a cena seja percebida de fora do seu personagem.

O uso de marcadores de texto para ressaltar a fala do personagem que estamos representando foi criticado. Essas marcações nas falas pode indicar falta de relação com o outro, de compromisso com a fala dos outros personagens.

Para conquistar a dinâmica na interpretação Alexandre sugere  que o ator decore o texto, de modo articulado, o mais rápido possível, sem nenhuma pausa. Assim, na medida em que o texto é assimilado, o rítmo é conquistado. Mas ele lembra que é preciso falar como gente normal. O ator deve interpretar como quem conta o trajeto de casa para o trabalho, sem empostar a voz ou usar recursos que dão a impressão de um declamador. Alexandre ressalta ainda que a pontuação gráfica é totalmente diferente da pontuação oral. Por isso é preciso estudar o texto para identificar frases vão levar à outra e identificar como o personagem está: Contente, arrasado...

Para dar a sensação de verdade, é possível simular que o pensamento está sendo criado. O ator pode procurar palavras enquanto fala, tomando o cuidado para não arrastar o texto. É como se ele estivesse pensando no sinônimo que iria usar para substituir uma palavra no texto para passar essa sensação.

Alexandre lembrou que o diálogo é uma constante interrrupção dos discursos, por isso vale sobrepor uma fala a outra reproduzindo o que acontece naturalmente nas línguas latinas.


Tudo isso aprendi no curso de "Atuação para TV" que Alexandre ofereceu no IAB, em uma turma que deixou saudades!



terça-feira, 16 de março de 2010

Fique Atento


09 de março de 2010

Prêmio Pontinhos de Cultura - 2010

Inscrições até 22 de abril

Constitui objeto do presente Edital conceder até 300 (trezentos) prêmios no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) cada, a entidades sem fins lucrativos, legalmente constituídas, e instituições governamentais estaduais, distritais e municipais que atuem na(s) área(s) sócio-cultural-artístico-educacionais referentes à Crianças e Adolescentes, ou que estejam envolvidos em parceria com escolas, universidades públicas ou demais instituições com o objetivo de promover uma política nacional de transmissão e preservação da Cultura da Infância e da adolescência, por meio de projetos e ações que assegurem seus direitos segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Qualquer dúvida,entrar em contato com a Coordenação Geral de Cultura e Cidadania pelo endereço eletrônicocidadania@cultura.gov.br ou pelo telefone (61) 3901.3907.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A Curiosa de Nelson Rodrigues

Recentemente, escrevi uma adaptação da crônica "A Curiosa" extraída do livro “A vida como ela é” de Nelson Rodrigues. Essa cena fez parte da "Segunda Farra do Nelson" no Tablado. O espetáculo foi dirigido por André Mattos e contou com a participação de vários alunos dele.


 Trata-se da história de Jandira, uma mulher casada, que tenta seduzir Serafim, o melhor amigo do marido dela. A princípio Serafim rejeita a idéia de trair o amigo, mas depois fica obcecado pela mulher proibida - mas para ela, tudo não passa de mera curiosidade. O ator João Muniz foi escolhido para viver Serafim. Ele arrasou!


Eis o texto:

CARVALHINHO Muito bem, Serafim. Veio para a varanda para escapar dos olhares de Jandira?

Serafim sem graça.

CARVALHINHO Como é? Negas agora?
 
SERAFIM Vou te pedir um favor, um favor de mãe para filho.

CARVALHINHO Fala.

SERAFIM Não comenta isso com ninguém, pelo amor de Deus! Nem com tua mãe!

CARVALHINHO Mas quer dizer que é batata?

SERAFIM Não! Sou amigo do Paiva e a Jandira é como se fosse minha irmã!

CARVALHINHO Você é um vigarista! Parei com o teu cinismo.
Enquanto os dois conversam, o palco está arrumado como um escritório.

SERAFIM (ao telefone) Então está certo, vou mandar as notas.

Carvalhinho aproxima-se.

CARVALHINHO Você foi visto ontem, nas Laranjeiras, de braço com Jandira. Vocês andam se expondo muito. Cuidado!
SERAFIM Senta aí. Senta aí! Estou numa sinuca de bico! Eu sou de fato um velho amigo de Jandira e do Paiva. Durante anos e anos, jamais pensei na hipótese de que pudesse ser outra coisa senão amigo de Jandira, fraterno amigo. Foi só na festa que percebi a primeira insinuação. No dia seguinte ela me telefonou. Eu tentei resistir, juro! Mas fui envolvido irremediavelmente. Vê se pode! É ela quem tem a iniciativa, quem propõe os passeios. Quem dá os beijos.

CARVALHINHO (maravilhado) Não é nada sopa, hein?

SERAFIM É uma sujeira ignóbil. Sou amigo do marido, veja você! Amicíssimo!

CARVALHINHO Quer um conselho? Aproveita rapaz! Mete as caras! Mulher não se enjeita!
SERAFIM Estou me sentindo um canalha! Um patife. Isso não se faz! Se fosse um estranho, vá lá! Mas mulher de amigo é sagrada... Vou acabar com esse negócio.

SERAFIM (ao telefone) Jandira? Vou te avisando, é o nosso último encontro. O último!

Serafim caminha para o corredor e encontra Jandira que entra cantando:


"Beija-me, quero teu rosto coladinho ao meu..."





SERAFIM Você não vê que não está certoNão está direito?

JANDIRA Quero e pronto!

SERAFIM Vem cá, explica um negócio: eu me lembro que, há pouco tempo, tinhas uns ciúmes danados do Paiva.

JANDIRA Ainda tenho.

SERAFIM Mas tem como? Se você não gosta dele?

JANDIRA Gosto sim. Quem foi que disse que eu não gosto do meu marido?

SERAFIM (atônito) Então que apito toco eu nisso tudo?

JANDIRA (pousando dois dedos nos lábios do rapaz)  Não faz perguntas. Deixa pra lá. Eu estou aqui, contigo, não estou? O resto não interessa.

SERAFIM (mal humorado) Essa história está mal contada! Muito mal contada.

JANDIRA (dando tapinhas na face de Serafim) Também gosto de ti, bobinho!... Estás com ciúmes? (com crueldade) Mas não eras tão amigo dele? Não tinhas tanto chiquê?

SERAFIM (confuso) Aquela besta do teu marido! Tenho vontade de te bater, só de pensar que tu está à disposição desse cara!... Ele te beija muito? Te beijou ontem?... Te vê nua? Se ele soubesse que estás aqui comigo, hein?

JANDIRA (rindo) Saber como? Só se tu fores contar!

SERAFIM Tenho um lugar assim assim, discretíssimo. Vais lá?

JANDIRA Até que enfim! Como demoraste, puxa...

Eles vão para o canto do palco, Serafim tenta beijar Jandira e então ela se afasta.

JANDIRA Eu nunca fiz isso com ninguém, nunca!... Quero ver minha filha morta, se estiver mentindo!
Os dois começam se beijar. Rala e rola no palco. De repente Serafim se afasta.

SERAFIM Se gostas do teu marido, por que fizeste isso? Por quê?

Jandira retoca a maquiagem.

JANDIRA O único homem que tinha me beijado, o único homem que eu, enfim, conhecia, era meu marido. … Eu quis fazer uma experiência... Questão de curiosidade.

SERAFIM Quer dizer que eu sou a experiência? Eu sou a cobaia? (desesperado) Aquela besta! Aquele cretino!

JANDIRA Não fale assim do meu marido! Eu não admito!

SERAFIM Falo sim! Idiota, palhaço! (segurando Jandira pelos dois braços) Agora vais me dizer, ouviste, qual foi o resultado da experiência. Diz!

JANDIRA (tranquila) O pior possível! Você não chega aos pés do meu marido. Foi a primeira e última vez. Daqui em diante, nem você, nem nenhum outro idiota, põe a mão em cima de mim... Só o meu marido!


Jandira sai de cena cantando radiante.



Assista agora o vídeo com os ensaios. Direção: André Mattos. Tablado, 2009.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Os Sete Gatinhos


À primeira vista, Aurora é uma professora recatada e Bibelô, um típico malandro carioca, quer somente cortejá-la. Quando a conversa começa a ficar boa, Bibelô tenta levar Aurora para passar algumas horas em um apartamento em Copacabana. Nelson Rodrigues fará a moça surpreender Bibelô e o público, revelando a face escondida na tradicional família mineira.
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segunda-feira, 8 de março de 2010

Em Cartaz


PELA PORTA OU PELA JANELA 

Três comédias curtas de GEORGES FEYDEAU

Direção: Gilles Gwizdek
Local: Cia de Teatro Contemporâneo
Endereço: Rua Conde de Irajá, 253 - Botafogo (perto da cobal do humaitá e largo dos leões).
sempre aos domingos,
 20h 

Espírito de Natal



Preview roteiro do média-metragem Espírito de Natal conta a história de Luis Otávio, um homem que vive estressado, trabalha muito e não tem tempo pra família. Ele morre subitamente durante uma festa de Natal em sua casa e seu espírito retorna sem saber que morreu, no Natal seguinte. Leva um susto ao encontrar tudo diferente, sua esposa, Renata nos braços de seu sócio Trajano e sua filha crescida. Demora a compreender o que havia acontecido, mas resta-lhe apenas aceitar a situação. Ele limita-se a observar a família feliz, com Trajano ocupando seu espaço e fazendo tudo que ele deveria ter feito.

Contracenando com Duda Gentil em "Os Sete Gatinhos" de Nelson Rodrigues

Monólogo: Amamentar não é fácil (Direção Alexandre Klemperer)

Contracenando com Heder Braga, direção Alexandre Klemperer