Nascida em 23 de setembro de 1970, a bióloga Silvania Santos complementa seus estudos com cursos de artes cênicas e cinema desde 1995. Cursou interpretação para teatro no Tablado, cinema com Walter Lima Jr e TV com Alexandre Klemperer. Estudou linguagem de cinema Joaquim Três Rios (efeitos visuais no cinema), Eduardo Aguilar (Assistência de direção), dentre outros.

Atuou como assessora pedagógica no projeto “Cinema-Escola” do Grupo Estação, no Rio de Janeiro. Fundou o projeto “Cineapreender”, em Belo Horizonte, que levava alunos de escolas públicas e privadas ao cinema e oferecia palestras e oficinas sobre a linguagem do cinema. Foi uma das fundadoras do grupo “A Tela e o Texto”, para reunir pesquisadores interessados na interface entre literatura e cinema, grupo este que hoje é um projeto de extensão da UFMG. Atuou no coral do Tablado e é integrante do grupo de samba Cristino e Cia. Além de atriz e cantora, é professora de biologia na Escola Parque e contadora de histórias na creche “Fazer Arte”. Também é autora do blog aeducadora.blogspot.com, um canal de discussão da educação - formal e não formal.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quem disse que lugar dos filhos é só com a mãe?

Hoje eu recebi e saboreei o livro "A guarda compartilhada e a paternide"de Ilan Gorin. Trata-se de um relato de um pai apaixonado que optou pela guarda compartilhada de seus dois filhos mais velhos. Como seria bom se o livro de Ilan fosse lido, inclusive por pais que nem sonham em se separar!
 Ilan começa avisando que não é um especialista: a voz que nos fala é de alguém que ousou, há 12 anos atrás,  partilhar a guarda total dos filhos, mesmo após ouvir diversos especialistas em educação dizerem que "seria confuso e que poderia prejudicar o rendimento escolar das crianças".

Entretando Ilan acreditava, e eu também acredito, que o papel da escola é manter um ambiente de socialização, trocar informações e colaborar com a formação pedagógico-cultural, mas os valores essenciais e os modelos de vida são gerados no ambiente familiar. Não seria em nome da formação escolar que ele iria abrir mão de ser um pai pleno.

‎"Para ser realmente pleno, um pai não pode se transformar num mero condutor de passeios, num simples produtor de diversões, num superficial fotógrafo de momentos festivos, num disponível concretizador de desejos consumistas, num passivo espectador de apresentações escolares, num apanhador e entregador de crianças em eventos infantis e datas comemorativas em geral." Ilan Gorin

Assim, esse advogado tributarista e sua ex-esposa tentaram esquecer as picuinhas e se organizaram para que as crianças tivessem dois lares com estrutura física, carinho e rotinas necessárias para crescerem com saúde - emocional inclusive.

O texto leve de Ilan encoraja os pais que estão separados a tomarem para si o cuidado com os filhos e mostra o caminho das pedras. Ao constatar que a separação era inevitável, Ilan procurou morar o mais próximo possível dos filhos. Ele e a ex-esposa fizeram inclusive uma planilha para organizar a vida e tornar a rotina mais clara para os prestadores de serviço como os ônibus escolares. Com o estabelecimento de regras claras, o ex-casal desenvolveu uma cumplicidade focada no bem estar dos filhos - por exemplo, quando um levava os filhos ao médico, tratava de ligar para o outro para passar as recomendações precisas. Ilan conta que além da rotina, a cumplicidade foi alimentada com o respeito e a troca de gentileza, por exemplo, quando uma das partes precisa ficar com os filhos no tempo da outra, essa solicitação deve vir acompanhada de uma compensação, como a ampliação do período de férias, por exemplo.

Como  o foco de Ilan era estar com os filhos, ele não se preocupava em viver a vida de solteiro e "tirar o atraso".  Hoje Ilan está casado e tem um filho com Ana, uma mulher que foi capaz de compreender o que significa ter guarda compartilhada e de amar também os filhos dele. Ele conta que após a separação  levou dois anos para se casar novamente e que antes de apresentar a namorada aos filhos esperou meses até ter certeza de que ela conseguiria amar seus filhos. Como na ocasião os filhos já estavam seguros em relação ao amor do pai, ele recebeu a maior força.

Após a separação, é licito pensar  em um novo alguém que seja maravilhoso para nós, mas a história do novo casal não pode excluir os filhos. Ilan primeiro zelou pelo bem estar dos filhos, fazendo com que eles se sentissem seguros e amados, para depois se entregar a uma nova relação. O relato de Ilan, somado ao relato da filha dele que escreve o prefácio, sugerem que a separação, quando inevitável, pode ser menos dolorosa.

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