O roteiro de cinema apresenta um formato próprio, com cabeçalho, texto corrido, identificação do personagem, diálogo e descrição da ação.
O tempo do roteiro é sempre o presente, embora o diálogo possa usar qualquer tempo. Veja o caso de "Ventre Livre" de Ana Luiza Azevedo, Giba Assis Brasil e Rosângela Cortilhas:
CENA 1 - SALA DE AULA
Uma menina assistindo a uma aula de Geografia. A professora
mostra no quadro um mapa do Brasil. Uma turma só de meninas
presta atenção. No seu caderno, num mapa da América do Sul
mimeografado, a menina pinta o Brasil de verde e amarelo. Entre
outras alunas, a menina vê a professora girar um globo e
localizar o Brasil. Toda a cena em leve slow.
mostra no quadro um mapa do Brasil. Uma turma só de meninas
presta atenção. No seu caderno, num mapa da América do Sul
mimeografado, a menina pinta o Brasil de verde e amarelo. Entre
outras alunas, a menina vê a professora girar um globo e
localizar o Brasil. Toda a cena em leve slow.
Música leve, nostálgica.
TEXTO 1 - LOCUÇÃO FEMININA
Desde criança, no colégio, eu aprendi que o
Brasil é um país grande: o quinto do mundo em
território, o sexto em população. Eu aprendi a
ter orgulho de viver no celeiro do mundo, o
país do futuro, o gigante adormecido: a décima
economia do planeta.
Desde criança, no colégio, eu aprendi que o
Brasil é um país grande: o quinto do mundo em
território, o sexto em população. Eu aprendi a
ter orgulho de viver no celeiro do mundo, o
país do futuro, o gigante adormecido: a décima
economia do planeta.
SOM DA SINETA
Há um mito de que o roteirista não deve detalhar a cena porque assim estaria dirigindo e não roteirizando. Mas os roteiros de diretores costumam ser ainda mais detalhados simplesmente porque as idéias podem ser esquecidas. Assim, todos os dados que facilitem o trabalho da equipe de filmagem são bem-vindos em um roteiro. Definir a idade, os traços relevantes da aparência física ou do modo de vestir do personagem facilita o trabalho de produtores de elenco e figurinistas. Cuidado com a vaidade: dominar a linguagem do cinema não significa que o roteirista defina, por exemplo, os tipos de planos usados. O emprego de termos como “Fade out” e “Fade in” em alguns casos arredondam a cena e facilitam a compreensão, mas a “direção” da cena só deve ser feita quando importante para a dramaturgia ou para ampliar a cinematografia da escrita..
Saber se um elemento é ou não relevante não é tarefa fácil. Uma dica é retirá-lo do texto: se a cena perder o sentido é porque esse elemento deve ser indicado. Cabe ao roteirista descrever o suficiente para que os personagens, o espaço e todo elemento acústico importante sejam apontados de modo concreto. Tudo o que se escutará e será visto no filme, deve estar no roteiro, mas essas descrições não garantem que irá acontecer exatamente como previsto – fatores como limitação de orçamento e estilo de direção podem limitar. Há roteiristas que só definem a trilha sonora se a escolha da música for decisiva para a trama. Isso porque a trilha requer despesas com direitos autorais que podem até inviabilizar o projeto do filme. Por outro lado, indicar a música, ou um trecho dela, pode tornar a proposta mais clara aos leitores.
Não é comum que no roteiro apareçam abstrações como a sensação do personagem embora os sentimento e as lembranças possam ser construídos ao longo da história.
A quantidade de dinheiro disponível em uma produção cinematográfica pode limitar o poder de decisão do diretor. Por isso, há os que prefiram filmar seus próprios roteiros em baixo orçamento em busca do chamado filme “autoral”.
O roteiro em documentário facilita planejar e vender a proposta, além de prever materiais e falas que facilitarão o trabalho da montagem.
Ler roteiros é um exercício importante para os roteiristas. Roteiros publicados em livros nem sempre respeitam as normas de formatação, por isso o melhor é ler roteiros disponíveis em sites. No site
Roteirosonline.com.br há também dicas de concursos de roteiros.
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