Nascida em 23 de setembro de 1970, a bióloga Silvania Santos complementa seus estudos com cursos de artes cênicas e cinema desde 1995. Cursou interpretação para teatro no Tablado, cinema com Walter Lima Jr e TV com Alexandre Klemperer. Estudou linguagem de cinema Joaquim Três Rios (efeitos visuais no cinema), Eduardo Aguilar (Assistência de direção), dentre outros.

Atuou como assessora pedagógica no projeto “Cinema-Escola” do Grupo Estação, no Rio de Janeiro. Fundou o projeto “Cineapreender”, em Belo Horizonte, que levava alunos de escolas públicas e privadas ao cinema e oferecia palestras e oficinas sobre a linguagem do cinema. Foi uma das fundadoras do grupo “A Tela e o Texto”, para reunir pesquisadores interessados na interface entre literatura e cinema, grupo este que hoje é um projeto de extensão da UFMG. Atuou no coral do Tablado e é integrante do grupo de samba Cristino e Cia. Além de atriz e cantora, é professora de biologia na Escola Parque e contadora de histórias na creche “Fazer Arte”. Também é autora do blog aeducadora.blogspot.com, um canal de discussão da educação - formal e não formal.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Lições para escrever bem

Na segunda aula de Marcelino Freire, no curso Criação Literária, analisamos os textos feitos pela turma com o mote "lembrança". A partir da nossa escrita, Marcelino ensinou:




  • Um título interessante pode remeter para outra história, desapontando o leitor;

  • A repetição no texto e o excesso de explicação desestimulam a leitura - "O grande cantor é aquele que volta ao refrão com alguma novidade na interpretação".

  • Cuidado com a palavra "certeza" ao escrever.

  • Imagens desgastadas como "tecer o futuro" devem ser evitadas.

  • Um adjetivo deslocado pode confundir.

  • Quando o sentimento se estabelece, dispensa o uso de adjetivos piegas como "medo grande e implacável". Frases lugar-comum que apresentam idéias que já estão no texto, devem ser dispensadas: "Aqui dentro escuto o silêncio das dores e amores de cada um", ou "choro minhas lembranças".

  • Títulos-trocadilhos devem ser evitados: "Um passado que não passa".

  • Cuidado com a poesia querendo ser poesia e com o uso de verbos poéticos por natureza.

  • A palavra sensação é uma praga: "sensação de vazio",  "sensação de medo",  "sensação de tristeza",  "sensação de alegria"...

  • O uso equivocado ou exagerado dos pronomes é outra praga: "mas os sentia".

  • Para dar vida à personagem,  vá direto à ação.

  • Um bom texto é aquele que consegue dar uma rasteira no leitor. Se necessário, sonegue informações e deixe o leitor curioso.

  • Grifar as palavras comuns no texto e substituí-las é um exercício para escrever bem.

  • O uso adequado da pontuação aponta novidades no percurso da narrativa.

  • Frases concisas podem apresentar a dimensão de uma realidade: "O lado mais limpo é o lado do vômito." Ao ler isso, é possível imaginar como estava essa casa.

  • Quando uma segunda história aparece abaixo da história contada, o conto conquista interesse.

  • É possível jogar humanidade em frases verdadeiras: "meus ouvidos ali, com 100 anos".

  • O desenho do texto no papel confere personalidade e dramaticidade, como quando se usa um único parágrafo.
  • Algumas frases oferecem fôlego para uma longa história: " tudo foi pensado como um xadrez".

  • Reforçar a emoção no final dos parágrafos pode deixar o texto piegas. Evitem frases feitas como "joguem a primeira pedra quem nunca sofreu por amor".

  • Textos que generalizam são facilmente esquecidos: particularizar humaniza os personagens.

  • Escrever é mergulhar e ninguém mergulha com muitos apetrechos. Evite palavras difíceis: "esvaindo"; "transeunte" .... elas deixam o texto chato e falso. 

  • Faça o leitor ver o que você escreve: onde você coloca a câmera ao escrever?

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