Nascida em 23 de setembro de 1970, a bióloga Silvania Santos complementa seus estudos com cursos de artes cênicas e cinema desde 1995. Cursou interpretação para teatro no Tablado, cinema com Walter Lima Jr e TV com Alexandre Klemperer. Estudou linguagem de cinema Joaquim Três Rios (efeitos visuais no cinema), Eduardo Aguilar (Assistência de direção), dentre outros.

Atuou como assessora pedagógica no projeto “Cinema-Escola” do Grupo Estação, no Rio de Janeiro. Fundou o projeto “Cineapreender”, em Belo Horizonte, que levava alunos de escolas públicas e privadas ao cinema e oferecia palestras e oficinas sobre a linguagem do cinema. Foi uma das fundadoras do grupo “A Tela e o Texto”, para reunir pesquisadores interessados na interface entre literatura e cinema, grupo este que hoje é um projeto de extensão da UFMG. Atuou no coral do Tablado e é integrante do grupo de samba Cristino e Cia. Além de atriz e cantora, é professora de biologia na Escola Parque e contadora de histórias na creche “Fazer Arte”. Também é autora do blog aeducadora.blogspot.com, um canal de discussão da educação - formal e não formal.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Roteiro Cinematográfico com David França Mendes

 No curso Roteiro Cinematográfico, que está rolando na Caixa Cultural, David apresentou diversas técnicas que ele e outros roteiristas costumam lançar mão na construção de um filme. Esse é o primeiro relato do que aprendi com esse conceituado roteirista.







David França Mendes é jornalista e atuou como crítico de cinema e literatura.



Roteirista é a primeira pessoa que enxerga com clareza um filme, antes desse filme existir. Esse profissional coloca no papel, de modo concreto, as imagens e os sons para que o filme seja realizado. Ele é um bom contador de história e é essa capacidade de narrar que  seduzirá os produtores e toda a equipe de filmagem, além do espectador. Por isso é tão importante que ele desenvolva habilidades de redação e domine as estrutura narrativas típicas dos roteiros - filme de ficção, documentário, TV.

Escrever um roteiro é fazer escolhas como: a ordem cronológica dos fatos narrados, o foco que será dado a cada personagem, a força de cada cena, do ponto de vista, dos personagens que ficarão mais próximo do público, o efeito que se busca com a narrativa (comédia? drama? terror?) . Essas e outras escolhas definirão a trama. A ordem das cenas, por exemplo, interfere no efeito que se pretende causar com uma história.

A partir de uma idéia, que pode ser do roteirista ou de outra pessoa que proponha um trabalho, o autor do roteiro parte para um cuidadoso trabalho de investigação. Essa imersão no tema, que as vezes é negligenciada, enriquece a narrativa. No levantamento de dados o roteirista irá pensar em coisas como:

  • Quem são os personagens;
  • Quem sente o quê?
  • Com quem esses personagens se relacionam?
  • Porque eles fariam isso ou aquilo?
  • Que problema pode haver na família dele?
  • Quais são os desejos e as necessidades dos personagens principais?
  • Que tipo de obstáculos eles enfrentariam para realizar essas expectativas?
  • Quais são os conflitos centrais da trama?

É interessante que os personagem tenham características marcantes como: o herói cabeça-dura; uma auto-estima frágil... Na medida em que esse heredrograma é montado, novas idéias vão surgindo para compor o roteiro.

Ao longo da história do cinema, diversas técnicas de estrutura do roteiro foram desenvolvidas para atrair o público e estão disponíveis em manuais de roteiro. Uma história rica em detalhes, como modulações que levam o público para opiniões diferentes, tende a ser mais interessante. Checar a coerência dos fatos propostos é outro trabalho que amplifica o efeito da história.

Um roteirista deve desenvolver a capacidade de ler, criticamente, o que escreve. Ele não deve se apegar à idéias "geniais", na verdade, mais do que uma grande idéia ele precisa de várias boas idéias para transformar seu texto em um bom roteiro.

A habilidade criativa em geral está ligada à capacidade de investigação. A pesquisa incrementa a trama com dados que passarão verdade, além de aproximar o autor com o tema. Vale investir em viagens que permitam um corpo-a-corpo com o local e conversar com pessoas, além de desenvolver outras estratégias para buscar a realidade e fugir dos clichês. É importante não perturbar muito o ambiente, por isso nem sempre é possível fotografar, filmar ou gravar essa pesquisa de campo, mas quando possível, o material de registro pode trazer novos elementos para a história. A sensibilidade para ouvir e enxergar com atenção é a melhor vacina contra o clichê. 

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