Nascida em 23 de setembro de 1970, a bióloga Silvania Santos complementa seus estudos com cursos de artes cênicas e cinema desde 1995. Cursou interpretação para teatro no Tablado, cinema com Walter Lima Jr e TV com Alexandre Klemperer. Estudou linguagem de cinema Joaquim Três Rios (efeitos visuais no cinema), Eduardo Aguilar (Assistência de direção), dentre outros.

Atuou como assessora pedagógica no projeto “Cinema-Escola” do Grupo Estação, no Rio de Janeiro. Fundou o projeto “Cineapreender”, em Belo Horizonte, que levava alunos de escolas públicas e privadas ao cinema e oferecia palestras e oficinas sobre a linguagem do cinema. Foi uma das fundadoras do grupo “A Tela e o Texto”, para reunir pesquisadores interessados na interface entre literatura e cinema, grupo este que hoje é um projeto de extensão da UFMG. Atuou no coral do Tablado e é integrante do grupo de samba Cristino e Cia. Além de atriz e cantora, é professora de biologia na Escola Parque e contadora de histórias na creche “Fazer Arte”. Também é autora do blog aeducadora.blogspot.com, um canal de discussão da educação - formal e não formal.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Faustas e Faustos

Você já viu "A teta assustada"? Eu assisti ontem e nas primeiras cenas, quando a mãe da protagonista canta e conta para a filha como foi violentada, lembrei de Michael Odent alertando sobre o período primal, que engloba o momento da concepção até o final do primeiro ano de vida. Para ele, durante esse período que é a gestação do cérebro emocional responsável pela maturidade afetiva, são construídas as estruturas cerebrais que garantem a sobrevivência da espécie. Do ponto de vista molecular, esse é o período em que o DNA, traduz as mais diversas proteínas que irão construir uma memória celular e tecidual: mais do que uma estocagem de informação, trata-se de uma trasformação da esturura vida. Odent defende que esse período deveria receber uma atenção especial de toda a sociedade porque tem reflexos culturais, memoriais e éticos. Para Odent, o curto e crítico período logo após o nascimento pode ser decisivo na capacidade das crianças desenvolverem a capacidade futura para amar. Nesse sentido, as intervenções realizadas durante esse período tem sido apontadas por diversas pesquisas como fatores de risco para disturbios sociais como a criminalidade e o suicídio. Parte dessas pesquisas podem ser acessadas nos sites: www.wombecology.com; www.birthworks.org/primalth; www.obstare.com e www.birthpsychology.com.




Voltando ao filme, a protagonista Fausta é uma alegoria do medo que muitas mulheres, e homens, carregam após sofrerem ou testemunharem uma violência sexual.Essa cicatriz profunda pode se instaurar no olhar, no andar, no falar... mas as vezes é necessário muita sensibilidade para perceber o grito contido nessas almas infelizes.


A batata introduzida na vagina de Fausta é outra alegoria: do bloqueio sexual imposto na experiência do abuso. Romper essa barreira depende principalmente da vontade do abusado, mas isso pode levar tempo demais. O mundo está repleto de Faustas e Faustos. Nesse momento eles podem estar sozinhos ou juntos, na mesma cama.

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